A Cidade Maravilhosa


            Sem falar no cheiro de mijo que infesta qualquer beco, que às vezes nem precisam ser becos pra conterem o odor fétido que nos invade as narinas. A cidade maravilhosa deve ter morrido, ou apenas ido descansar, como tudo que é bom tem feito nos últimos anos. O que resta da cidade se masturba sob os olhos do Cristo e geme escandalosamente para o mundo, atraindo olhares e pessoas, que se juntam cegamente à massa em êxtase por toda a perfeição que outrora foi concedida à cidade maravilhosa, e juntos gritam mais alto, masturbando-se e jorrando sêmen no mar, esgotos, prédios e na face estoica do seu grande patrono.
            Ainda assim a paisagem permanece em pé, com o pouco de vida que lhe resta. Será que sobrevive desse excesso de gozo e urina? Talvez esteja decaindo, feito árvore que perde todo cerne, toda vida, e só a casca e os vasos mortos a mantém em pé, aparentemente sã. Cupins, ela tá cheia deles, a cidade. Que jogam seus líquidos venenosos por qualquer canto e esperam que tudo permaneça como está.

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4 Responses to A Cidade Maravilhosa

  1. Uma dose de realismo, sempre bem vindo.

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  2. A metáfora da masturbação é estranha, mas foi muito bem colocada.

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  3. Um ótimo comentário. Carioca?

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    Respostas
    1. Me mudei recentemente pro RJ, Bianca >.<
      Escrevi isso na época que estava morando no Centro

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