(Bruno
saúda mestre Sêneca)
Seria de se imaginar que depois de
dois milênios tuas cartas trocadas com tantos outros viessem em auxílio da
felicidade de todos os homens. Seria imaginável, até, que teus ensinamentos e
questões sobre a vida tivessem se tornado banais por tão difundidos que seriam
depois de tanto tempo.
Sinto dizer que isso não aconteceu.
Ainda vejo constantemente a fuga e a
infelicidade de tantos. Todos eles querem fugir de suas cidades para conhecer
novos lugares – pois lá, ah, lá eles serão felizes. Mal percebem que a corrida
que tanto almejam fazer, ou que já o fazem, não é para sair de um lugar ruim e
chegar num melhor, superior. É, em suma, para fugir de si. Fugir de uma alma
atormentada, repleta dos males que tu vias por aí dois mil anos atrás – e sim,
ainda os vejo por todos os cantos.
Glutões.
Bêbados. Avaros. Soberbos. A sociedade não mudou muito nesse tempo que
percorremos. Ainda há daqueles que falam de vícios como se virtude fossem. E
todo o conhecimento que pensadores dos mais variados fizeram fluir é abandonado
em bibliotecas vazias ou estantes ao fundo de lojas que mais vendem romances já
sem profundidade. Não que eu não lhes dê importância, pois sabes que discordo
de ti quando falas das artes frívolas. Afinal, tudo o que faz bem à nossa alma
é devido, é direito.
De
qualquer forma, todo o conhecimento que acumulamos ao longo de séculos é
esquecido em livros pouco lidos. Os pais já não incentivam seus filhos a
adquirirem a felicidade de partilha. A escola não ensina a pensar mais além de
fórmulas e conceitos que poderiam ser vistos ali no dicionário. O governo cobra
dos pensadores utilidade na ciência, e os pesquisadores vão atrás, dando-lhes
mil e uma utilidades – mas pouco avançam no real entendimento do mundo, da
natureza, do homem, da felicidade.
E
foi isso que o mundo se tornou. Um abrigo de pessoas infelizes, que ora
acreditam que a felicidade está em se esconder do mundo e adentrar mundos
paralelos de (in)existência fantástica, ora a procuram nas esquinas, bares e
ruas. Muitos ainda vão além. Viajam léguas atrás dessa bendita felicidade, a
estados, países e culturas tão diferentes das que eles vieram. Para quê? Fogem
apenas dos prédios que o cercam e levam consigo sua vontade de viver, suas
convicções, dores, ânimo. E quando no lugar estrangeiro chegam e se veem abaixo
de um novo céu, percebem-se infelizes tal como estavam. Mas, depois da
experiência, tampouco percebem que se deve mudar o que carregamos dentro de
nós, nossa visão de mundo, e não as ruas que andamos.
Se
mudassem, estariam felizes onde quer que fosse. Poderiam sentir as amarguras
que a natureza impõem e ainda assim sorrirem entusiasmados diante o mundo. E as
viagens seriam mais do que fugas de si. Tornariam-se, essas, uma ampliação do
eu; pois nós, humanos, não nascemos para sermos de uma ou doutra pátria. Nosso
lugar é o mundo, mas nossa felicidade vem da alma. Só quando estivermos cientes
disso é que seremos plenamente felizes.
Passa
bem!
O que realmente buscamos?... é a pergunta que paira nas mentes... adorei a leitura!
ResponderExcluiradorei também, muito
ResponderExcluir(Gan Leão)
Excelente texto!
ResponderExcluirAdorei!
mes fèlicitations pour cette réflexion trop passioné
ResponderExcluirAchar a verdadeira felicidade dentro de nós mesmos, tão difícil :/
ResponderExcluirPassando para retribuir a visita, e dizer que foi uma leitura agradável. Sinceridade acima de tudo. Parabéns pelo blog.
ResponderExcluirAbraço.
Ola! Vim agradecer a visita que você fez ao meu blog. Fico feliz que tenha gostado dos contos, foram feitos com sinceridade.
ResponderExcluirAproveitei para ler essa epistola. Para falar a verdade, eu nem sabia o que era, entao foi muito interessante. Além disso, o texto trata de um assunto complicado para muitas pessoas e tem um ponto de vista valido. Gostei bastante!