Título: Espíritos de Gelo
Autor: Raphael Draccon
Editora: LeYa Brasil
Ano: 2011
Número de páginas: 176
Raphael Draccon sempre me pareceu dividir opiniões. Ao passo que se tornou um dos escritores nacionais mais famosos da nova geração, ouço muita gente considerando suas obras ruins. Mesmo que tenha lido várias dessas opiniões, me dispus a ler um dos seus livros para ver se me agradaria: Espíritos de Gelo.
O livro narra a história de um homem - de nome desconhecido - com suas memórias perdidas após um grande trauma. Essa busca pelas lembranças se deu através de uma série de torturas impostas por três homens bastante estranhos, que partiam da hipótese de que um trauma maior poderia quebrar o efeito do primeiro trauma. Assim, em meio a tortura física e psicológica, o personagem vai reconstruindo seus últimos passos para que pudesse, enfim, fechar um ciclo.
Alguns pontos positivos do livro é a relativa dinamicidade da história, numa sequência intercalada entre a tortura presente e as memórias, e as descrições das cenas de tortura, quase esquecida em livros.
O livro agrada dentro de uma perspectiva do gênero terror/gore, mas desagrada em outros. Quase desisti do livro no choque inicial: o personagem é extremamente machista e homofóbico. Em meio à tortura física, o primeiro trigger que faz com que ele comece a lembrar das coisas é a sugestão de que fosse gay. Really, queen? Ainda assim, decidi ignorar essa problemática e seguir adiante, mesmo que tenha se mantido constante ao longo do livro inteiro.
Outro estilismo incômodo foi a tentativa de resgatar a cultura pop, incluindo séries, música e livros. Essas citações, no geral, me interessam bastante. No entanto, a forma como o autor a utilizou foi exagerada e deu um aspecto forçado. Quase sempre eram em momentos inoportunos e com a característica de serem comparações, e não como uma inserção real na história.
Se, por um lado, o livro é dinâmico, com um bom ritmo e com um conteúdo interessante, os maneirismos do autor e o personagem tornam a história quase indesejada, e pode explicar parcialmente essa divisão de opiniões tão sólida que se faz em torno do autor.